sábado, 7 de maio de 2016

Montemuro by Faifa


Depois da atribulada prova da semana passada regressei à minha zona habitual de treinos mas voltou também o mau tempo, com chuva e vento previsto para o fim de semana. Fui acompanhando ansioso o windguru e la vi umas abertas para Sábado de manha o que, apesar da ameaça eminente de uma molha e de vento forte, me permitiam ir treinar...

...desta vez fui "a solo" e o meu destino para Sábado?

A Serra de Montemuro!!

Eis o percurso



Tinha em mente uma subida especifica a Montemuro que teimosamente ainda estava por fazer. Teimosamente porque o meu amigo Pedro Lobo Ribeiro já a tinha previsto fazer num treino de Janeiro que me convidou a participar, mas a minha apertada agenda no dia obrigou-me a atalhar caminho e regressar por outros caminhos...sem a fazer.

Esta subida a Montemuro por Faifa estava portanto "na calha" e assim la desenhei o percurso que redundou em aproximadamente 145km e 2900 D+ por forma a que ali passasse juntamente com mais uma parede espectacular cujo segmento criei à pouco tempo atrás e que merecia nova passagem pois quando la passei foi a medo e sem certezas que o piso estivesse transitável.

Assim, sendo o objectivo principal a subida de Faifa com este acumulado havia obviamente muito para subir e portanto ainda cumpri mais umas quantas subidas dignas de nota... mais abaixo falarei delas mais em pormenor.

Passagem em Entre-os-Rios, subir até Castelo de Paiva e daí nova descida até ao Rio Paiva...e começa a primeira subida digna de nota....

Segmento Travanca - Vila Viçosa




é basicamente uma estrada florestal que vai subindo disfarçadamente e que acompanha o Rio Paiva e os seus rápidos que serpenteiam lá no fundo do vale...a estrada vale a pena fazer mas tem tantos pontos de interesse e é tão bonita que é difícil a concentração na performance e no ritmo, é daquelas que é quase desperdiço ir de nariz na roda...

Chegado ao topo, descida até Nespereira e ao vale de onde saem das melhores e mais exigentes subidas a Montemuro...e há várias...Ervilhais, Noninha e outras que este blog se encarregará um dia destes de dar a conhecer com mais detalhe e até o Sobradinho que pela fama e dureza já teve direito a crónica própria http://trotineteazul.blogspot.pt/2015/09/montemuro-via-sobradinho.html

A meteo estava bastante instável mas até aqui tinha-se aguentado bem com excepção do vento que me dificultou o ritmo em subidas sem pendente que o justificasse, mas depois de Parada de Ester começa uma morrinha incomodativa que me fez parar e vestir o impermeável. Temi o pior porque ao meu lado esquerdo, imponente, estava a Serra de Montemuro coberta de nuvens negras...

Pouco depois....à esquerda la está a subida de Faifa...com uma rampa inicial forte em jeito de desafio...

Vamos a isto!

Estrada de Faifa 7,1km a 8,6% média.




A subida é dura e exigente de pendente inconstante no entanto sempre intensa, mas o gráfico de perfil ajudou bastante na gestão do esforço recordava-me que a subida tendia a suavizar do meio para a frente... e de facto assim é. Não é um Sobradinho, nada disso... é mais amigável e a espaços deixa-nos respirar e baixar o pulso. O Sobradinho não é do mesmo campeonato.

No meio das nuvens e de uma persistente e incomodativa morrinha lá fui fazendo a subida sempre na companhia do vento cujas rajadas mais fortes me dificultaram a manutenção de um ritmo constante. Mas a subida lá se foi fazendo no ritmo possível. Pouco depois estava na estrada de Castro Daire para as portas de Montemuro e daí até às bombas foi rolar tranquilamente as pernas...cruzei-me com outro ciclista o que nos dá sempre ânimo achar que não somos os únicos tolinhos a andar ali no meio das nuvens.

Eu e esta serra somos velhos conhecidos, já lhe conheço as manhas e apesar da longa e retemperadora descida até ao Rio Douro parecer tranquila não se pode baixar a guarda temos de a fazer bem atentos... Até baixar a altitude a estrada estava molhada e em dias como este inevitavelmente levamos com rajadas laterais bem fortes que o Montemuro sempre guarda para quem não lhe mostrar respeito.

Depois de perder altitude tudo se torna mais amigável.... vento fraco, estrada seca e nada de morrinha...antes da Barragem de Carapatelo tempo de parar e guardar o impermeável...siga para o próximo objectivo...

Logo após a barragem inicia-se o mais recente segmento que criei e que se veio juntar a uma já longa série de segmentos "Col Rui Abrantes" que já venho coleccionando há algum tempo.

O segmento recém criado https://www.strava.com/activities/527256289#12685847534
merecia uma nova passagem se possível mais rápida do que a passagem a medo que ali fiz para o criar.




Subida tipica de quem gosta de ver ciclismo na tv, com uns S's exigentes e fortes pendentes quase sempre com o Douro e a barragem no nosso campo de visão pelo que sentimos-nos efectivamente a ganhar metros em altitude. Os dois km de extensão têm quase 11% de inclinação média...e dão luta! Uma gestão errada do ritmo e chegamos ao nosso "redline" rapidamente e depois é difícil recuperar de novo um bom ritmo...esta é preciso conhecer muito bem como funciona o nosso corpo e o estado físico em que estamos. Mas ela vale cada metro...

Chegado à estrada nacional e com 110 km já nas pernas sigo agora em direcção ao Rio Tâmega e à Ponte de Abragão onde se inicia a derradeira subida do percurso definido..

Talvez por "levar" com esta subida quase sempre no final dos meus treinos, e portanto já com muitos km's nas pernas, esta é sem duvida das subidas mais traiçoeiras que conheço...

...bastante conhecida e  frequentada por treinos da malta que vem do Porto e se quer esticar um pouco além da tradicional Entre-os-Rios - Porto mas principalmente pelos ciclistas de Penafiel e as famosas escolas de ciclismo da cidade, esta subida é conhecida como a clássica de Abragão...uma 3.ª categoria bem enganadora...9km a 4%.



Fiz a subida já em ritmo mais tranquilo e de motor desligado, para trás já estavam 140km e 2800 de acumulado. Desde o topo pouco mais foi do que rolar e subir calmamente a rampa de Peroselo até finalmente terminar o treino.

No final, devo dizer que a subida de Faifa me surpreendeu, esperava mais dela, outra dificuldade, talvez porque estava à espera que fosse como as subidas irmãs que saem deste vale para a Serra de Montemuro...como Ervilhais e Noninha que impõem outro respeito. Ficou no entanto a mágoa de nao ter a paisagem comigo, as nuvens e o nevoeiro não deixaram e vão portanto obrigar-me a la voltar quando o São Pedro se decidir finalmente a fazer qualquer coisa de jeito por nós ciclistas.

No final o windguru voltou a não falhar e a janela de oportunidade (sem chuva) que tinha visto para o dia bateu certo e foi em cheio...assim que cheguei a casa...começou a chover a serio. Não posso é esperar subir a 1200m de altitude com céu nublado e não andar, literalmente dentro das nuvens....hoje não levei com chuva fui ter com as nuvens!

No final o resultado foi este ...

https://www.strava.com/activities/568171541

Abraços aos leitores
Rui Miguel Abrantes













segunda-feira, 2 de maio de 2016

Douro Granfondo 2016


Foi a 2.ª Edição da prova e a minha segunda presença e se no ano anterior choveu copiosamente nesta edição a meteorologia foi perfeita e reuniram-se as condições ideais para uma excelente prova. Se existe um local de eleição para andar de bicicleta, seja em treino ou competição, o meu é aqui..se há de facto alguma terra a que sentimos pertencer...a minha é esta.

A minha prova começou, como certamente a de todos os atletas, dias antes com a revisão às bikes, "checklist" de tudo o que se deve levar, estudo de altimetria, carregar "tracks" do percurso etc..etc...etc..

Diligentemente (achei eu) meti a bike numa conhecida loja/oficina para lhe fazer a revisão e quando a fui buscar fiquei alarmado com o que me disseram...tens de trocar a transmissão com urgência, cassete e corrente...é urgente! Dilema...trocar componentes antes da prova ou arriscar? Não arrisquei e comprei cassete e corrente nova e no Sábado de tarde la meti a cassete sem nenhum problema. Mas a corrente essa não me quis ajudar nunca. Metida a corrente e os pinos que coloquei para ligar os elos simplesmente não se partiam, 3 ferramentas depois, alicates partidos e pedidos de ajuda (obrigado ao Rodrigo e à Monika que inverteram a viagem deles para o Douro para me vir ajudar) e ainda chateei o Jorge (mecânico) para tentar solucionar o problema (elos rápidos, pinos enfim nada parecia por a corrente como deve ser) mas às 21h00 da noite de Sábado finalmente parecia ter tudo pronto.

Malas à pressa e la consegui ter tudo pronto a tempo de ir dormir umas horas para as 6h00 sair em direcção à Régua.

Estava inscrito no percurso mais longo de 160km e 3200m de subida total, com o Dorsal 453 no meio de 3000 atletas.




Todos reunidos à partida la se tirou a foto da praxe.




Tiro de partida!
https://www.facebook.com/Dourogranfondo1/videos/967245146723780/

Duzentos metros depois da partida e ainda em velocidade controlada pelo carro da organização e a minha corrente parte, caiu da bicicleta e ficou no meio da estrada....tive de esperar que os 3000 atletas passassem para a apanhar no meio da estrada. Já com ela na mão comecei a pé a fazer o percurso em sentido contrário à espera que um apoio mecânico me pudesse ajudar...

Ouvi umas 1000 vezes..."que azar... a corrente!" e outras mil  "olha este já foi"

Caminhei com a bicicleta e corrente na mão os 200 metros de regresso à partida e já na rotunda levantei a corrente (momento apanhado pelo fotografo)...



primeiro parou o carro de apoio da Shimano que me ofereceu uma bike de substituição que recusei na esperança de que um mecânico pudesse por a minha bike em condições. E assim foi, pouco depois parou o apoio mecânico e do carro sai o mecânico, Joaquim Carvalho um tipo vivo, de cigarro no canto da boca e boné ao contrário, que meteu as mãos na bike com tal facilidade que 45 segundos depois estava pronta...Mas não fez apenas isso, o Joaquim deu animo a um tipo que estava frustrado, chateado e desiludido. Eram 9h21, o pelotao tinha partido há 20 minutos!!! Vi na minha mente a reedição da minha odisseia na Águeda Spring Classic...prova estragada e eu no fim do pelotão com 20min de atraso mas fiz da raiva força de tal forma que cerrei os dentes e arranquei dali a dar tudo o que tinha para apanhar de novo a prova...

Estavam na minha frente 3000 atletas e de pouco serve relatar em detalhe como foi o meu esforço de roda em roda, a gerir as  forças intervalando períodos de esforço máximo e descanso na roda de um grupo até recuperar o pulso e saltar para outro, durante quase 6h a uma média final de 27,3km/h mas principalmente a um ritmo cardíaco médio final de 166 bpm dos quais 1h30 acima dos 178 bpm´s de pulso. Quem acompanha estas coisas e sabe interpretar estes dados que estou para aqui a escrever...percebeu agora melhor como foi a minha prova...65% do tempo no "redline" literalmente.


Dos 716 atletas que fizeram a mesma distancia de 160km que eu fiz, apanhei 575 e terminei assim no lugar 187 da geral e 50º do meu escalão (40 aos 50 anos).




 As pernas e o coração nunca me faltaram apesar do enorme esforço que lhes pedi, nunca me faltou também o apoio daqueles que me conhecem e me viram a recuperar lugares, além da minha equipa Porto Cycling Team de referir o Paulo Barbosa, Ricardo Ferraz, Zé Botelho, Pedro Baptista e tantos outros com quem já me cruzei em treinos e outras provas ou que por alguma razão me conheceram ou sabiam o que me tinha acontecido quer porque a palavra passa rápido quer por me tinham visto com 200 m de prova a pé com a corrente na mão.




Entretanto e quando me cruzei em prova com o Zé Botelho estava longe de saber que a nossa curta troca de palavras e a minha subida do Rio Torto até à Pesqueira (Baptizado Muro do Cadão) estava a ser por ele filmada...assim com autorização do próprio aqui fica....

https://www.facebook.com/jalexandre.botelho/videos/1059588034079607/

É também justo agradecer à organização da prova, que me permitiu e apesar do meu azar, continuar e fazer a prova que fiz o que só foi possível fazer-se com uma organização bem montada e bem oleada por trás. Com pontos de hidratação e alimentação em locais estratégicos (no topo de cada uma das grande subidas e que distavam não mais do que 30km uns dos outros) o que foi determinante na gestão do esforço e das necessidades de água e alimento que um esforço destes implica. Mas não foi só, enquanto seguia sozinho um carro da organização perguntou-me se estava tudo bem e se precisava de alguma coisa...não precisava...mas esta atenção e cuidado faz a diferença em quem vai em esforço e pagou um serviço. Mas não foi só, percurso muito bem sinalizado e muita atenção aos detalhes como seja, placas de altimetria e constante presença de pessoas a apoiar os atletas nos pontos mais difíceis do percurso. E só quem anda nisto do ciclismo sabe a diferença que isso faz...

A organização soube sempre colocar-se na pele do ciclista, das dificuldades que tem por ultrapassar e das necessidades e esforço de quem vai em cima daquela bicicleta. Assim, justos parabéns aos organizadores pela forma como prepararam a prova e pela experiência que proporcionaram a quem participou. Ficam sem duvida com uma enorme responsabilidade para os outros eventos que também organizam como colocam a fasquia bem alta para outras organizações o que, para mim participante, é o que realmente importa.

Ponto menos positivo...apenas uma nota para uma situação que se vê nestas provas e com o qual não consigo concordar, a possibilidade de lojas de bicicletas exteriores à organização montarem as suas tendinhas promocionais  na beira de estrada e assim seleccionarem a quem dão apoio e a quem viram as costas. Se por um lado é legitimo que se apoie os seus clientes não é menos verdade que ali estão porque há uma prova de ciclismo com uma organização por trás e sem a qual não estariam ali a apoiar e necessariamente a angariar clientes. Na verdade acho caricata a situação porque para apoiar 30 ou 40 perdem 2000 que são todos aqueles a quem viraram costas no momento em que lhes pediam água e portanto não é só caricato é mesmo idiota ou, na minha perspectiva, mau marketing. Mas enfim apenas um detalhe insignificante que não mancha em nada o trabalho dos organizadores.

Por fim, um abraço ao Paulo Andrade dorsal 192 a quem apanhei ja depois do Pinhão e que, sem nos conhecer-mos e de puro improviso, tanto me ajudou no regresso, trabalhamos imenso em conjunto o que nos permitiu fazer uma média do Pinhão à Régua de 38km/h e já com 130 ou 140km nas pernas e já todo o acumulado feito. Melhor roda não podia encontrar naquele momento. Obrigado Paulo.

Aqui estamos nós



Em resumo e concluindo!

Fiz a prova da minha vida, sem resultado visível numa classificação mas sofrido na pele e nas pernas, novamente uma longa luta contra o azar que uma vez mais caiu sobre mim mas que voltou a não ser tão persistente e determinado quanto eu...foram pernas movidas a raiva as que me levaram até à meta! Da próxima vez em vez de levar a bike ao mecânico vou pensar em ir eu à bruxa.

Cheguei assim, esgotado...



Fica aqui o registo da minha prova https://www.strava.com/activities/562058340 e julgo que vale a pena ver o "flyby" http://labs.strava.com/flyby/viewer/#562058340?c=ebpbpzzz&z=4&t=1N9RSk que mostra bem a minha manha deste Domingo.

Parabéns a todos os que participaram e obrigado pelo apoio durante a prova.

Até breve

Rui Miguel Abrantes











terça-feira, 26 de abril de 2016

Nariz do Mundo



Desta vez rumei a terras de Basto a convite do Wilson Tiago Parada para participar num dia de ciclismo com partida e chegada ao Nariz do Mundo em Moscoso, Cabeceiras de Basto. A zona não me é totalmente estranha (http://trotineteazul.blogspot.pt/2015/08/por-terras-de-basto-e-do-barroso.html) mas desta vez não ia só eu e a izalco.

Depois de várias afinações o Wilson enviou-me um percurso de praticamente 140km e um acumulado de 3100m para cumprir, com passagem no Salto, Paradela, Ermal e parte importante do percurso do Geres Grandfondo que em Junho vou também fazer. Para acautelar eventuais diferenças de ritmo e de disposição, o diligente Wilson preparou ainda um plano plano B e até um C para garantir outras opções se a coisa se prolongasse mais do que o expectável.

O percurso e o perfil do Plano A



Aqui o primeiro parêntesis...

A uma semana da prova do Douro Grandfondo não previa ritmos altos ou grandes empenos mas sei por experiência e auto-conhecimento que só se sabe na hora, depende do grupo que vai, das pernas, da vontade etc e eu continuo a assistir à eterna luta interna entre o "apetece-me" e o " não puxes demasiado tão perto de uma prova". Inevitavelmente a paixão supera a razão, já o disse vezes sem conta "se não gostasse tanto de andar de bicicleta andava mais do que ando"... obrigava-me a dosear a quilometragem, a altimetria e o tempo em cima da bike...punha travão ao meu entusiasmo...mas não consigo! Na verdade acho sempre que é isso que faz a diferença...não sou obrigado a nada...faço-o por puro gozo e os resultados desportivos que, valha a verdade, sempre foram modestos mais modestos se tornam.

Adiante...

Dignas de nota, o percurso tinha umas quantas subidas complicadas...

Ponte de Cabril - Pincães 1,8km com 12% de inclinação média, os 900 metros da Cascata Tahiti a 14% de média (!!!), a subida das Cerdeirinhas com 6 km e 5,6% de inclinação média e a maior e última subida do dia, Cabeceiras - Salto com 12km e 5,3% de inclinação média.

Estas foram, pelo menos pelo gráfico, as maiores dificuldades identificadas...mas este revelou-se enganador e traiçoeiro. Mas lá chegaremos...

O dia!!

O ritual do costume na preparação de toda a parafernália mas desta vez com excepção do gps que
desde a Águeda Spring Classic padece de uma enfermidade muito triste para um gps...funciona tudo perfeitamente mas...não carrega.  E aqui o segundo parêntesis...Haverá fim mais triste para um aparelho tão viajado do que ver a energia que lhe resta a esvair-se até se desligar para sempre?  Pior só mesmo ser logo substituído...e assim aconteceu, já que o Paulo Lobo emprestou-me o 810 dele e aproveitou assim para usar e abusar do seu "hammerhead" (http://hammerhead.io/) uma "geekice" digna da Nasa e cujo review ele prometeu publicar um dia destes.

Sábado 23, 6h30 da madrugada, bike no carro e... ponto de encontro nas bicicletas coelho, um cafezito à pressa no tasco do lado e saída... A7, 1h30 de viagem e ex que estamos no ponto de partida do evento Nariz do Mundo.

Estávamos 9 ciclistas à partida com o luxuoso detalhe de ter carro de apoio com o fotografo (Vitor) e mecânico...sim mecânico (Jorge) !!!!

Pés "clipados", capacete na mona, foto da praxe e siga...

.

Como se vê, uma vez mais a meteorologia não estava do nosso lado, mas o entusiasmo sim...esse estava em alta.

Depois da descida (muito bonita) até à  EN311 viramos à direita para o Salto e seguimos em ritmo de aquecimento em direcção à barragem da venda nova onde haveria de ser tomada a primeira decisão do dia...plano A (140km) ou plano C (115km)...(o plano B foi logo desconsiderado.)

Antes da decisão...

Foto credit: Sandro Rato

Assim, na barragem da Venda Nova virei à direita em direcção a Montalegre e fui fazer o meu treino a solo durante uns largos km's, em direcção à barragem da Paradela e cumprindo parte importante do percurso do Gerês GF. Os restantes 8 companheiros seguiram em frente para um percurso mais curto de 115km.

Após a viragem, liguei o modo reconhecimento e la fui cumprindo o percurso a bom ritmo tirando notas mentais sobre subidas, curvas e perigos que me pudessem ser úteis na prova de Junho.

A estrada não oferece grandes dificuldades para além das normais subidas e descidas constantes e algumas curvas apertadas a exigir mais atenção. Mas a paisagem essa sim...deslumbrante!

O treino até aqui e apesar de o meu ritmo estar alto, parecia não estar a custar...ainda fiquei na duvida se seria eu que estava com boas pernas ou o percurso não oferecia grandes obstáculos. Ia portanto a desfrutar do "track" tendo apenas como preocupação os pingos de chuva que aqui e ali apanhava...mas sempre na eminencia de uma molha a sério la fui até Cabril...

Aqui em Cabril deparei-me com o primeiro "rebuçado" mais sério do treino e o perfil (foto abaixo) é completamente enganador...aquilo sobe muito, mesmo muito e com vários pontos com pendentes a rondar os 20% e não, não é nas curvas e cotovelos é mesmo em rampas a direito. Como o ritmo vinha alto mas apesar de tudo confortável, iniciei a subida a "full gaz" desconhecendo o que estava à minha frente, mas ela foi-me obrigando a tirar consecutivamente velocidades até não mais haver a não ser cerrar os dentes, ignorar as dores nas pernas e o pulso no "redline". Não estava à espera dela, não a tinha visto a chegar mas a subida em nenhum momento me facilitou a vida e fez questão de me ver a sofrer e já agora deve ainda ter feito as orelhas do Wilson ficarem bem quentes.




No final da subida a energia já não era a mesma...desconfiado olhei para o perfil no ecrã do gps do Paulo e vejo nova parede pouco depois....Cascata Tahiti!!! Mais um pincel !!!!!









Vencidos estes dois inesperados obstáculos desço para terrenos já bem conhecidos. Pouco depois estou nas pontes da barragem da Caniçada e preparo para subir a subida das Cerdeirinhas. Esta será a primeira subida da edição deste ano do Geres Granfondo e será com toda a certeza o ponto onde o pelotão se vai partir e os mais rápidos se vão embora dos restantes para nunca mais lhe verem as rodas.


A subida ainda que não tenha grandes pendentes é de alguma forma longa e os seus 6 km apanham os mais inexperientes rapidamente porque diferenças de ritmo e picos de pulso podem tornar-se fatais. É uma subida a cumprir-se em cadencia certa e determinada, com paciência e persistência e ela acabará por passar.

Já no topo viro à direita e logo à esquerda em direcção a Vieira do Minho e rapidamente para o Ermal...

A meteorologia começa a deteriorar-se...

Continuava em bom ritmo e na zona do Ermal avisto um ciclista com o equipamento Porto Cycyling Team...o Anselmo...que havia desmontado com caimbras. Depois de me assegurar que não precisava de nada e que o carro de apoio estava logo ali à frente prossegui no meu ritmo e acabei por apanhar os restantes companheiros de aventura. Como íamos em ritmos diferentes segui viagem, acompanhado primeiro pelo Sandro Rato e depois pelo Fernando Silva. Nesta parte do percurso o pior aconteceu e vimo-nos debaixo de uma chuvada monumental que nos ensopou até aos ossos e que nos acompanhou praticamente até Celorico onde se iniciava a derradeira subida do dia.


Cheguei à base da subida com 120km nas pernas e uns 2700 de acumulado feitos a bom ritmo e portanto o cansaço já se acumulava nas pernas e  a vontade de vencer a subida já não era grande.

Iniciei a subida juntamente com o Fernando Silva a quem perdi o rasto depois de ouvir "mas eu fiz mal a alguém?"....fiquei de novo só e no ritmo possível la fui subindo.
Passou o carro de apoio, onde já seguiam vários companheiros a quem o cansaço e o frio não deixou continuar, e depois de encher o bidão lá segui a minha viagem até decidir esperar pelos restantes que ainda pedalavam. Passou o Edu, o Sandro Rato e finalmente o Wilson...juntei-me assim a eles e lá cumprimos juntos os derradeiros km's que faltavam.

Foi um treino exigente cujo grau de dificuldade foi aumentando à medida que os km's iam passando e se no inicio me sentia com força e energia inesgotável, o Geres e as terras de Basto encarregaram-se de me descarregar.

Agradecer ao Wilson pelo convite e organização, ao Paulo Lobo pelo gps e cumplicidade e a todos os restantes pelo companheirismo e compreensão que me permitiram fazer um percurso diferente dos demais sem que isso fosse problema para qualquer um deles.

Para memória futura ficam 136km percorridos em 5h27 e um acumulado bem real de 3100m e um grande dia a fazer o que mais gosto e na companhia de amigos.

Nota final para as rápidas melhoras do Edu que sofreu um acidente no treino de Segunda-feira enquanto já escrevia esta crónica. Força na recuperação companheiro em breve estaremos de novo a pedalar juntos.

No strava ficou isto....http://www.strava.com/activities/554921607

Próximo fim-de-semana Douro Granfondo.

Abraço
Rui Miguel Abrantes