terça-feira, 11 de agosto de 2015

Por terras de Basto e do Barroso






Vivendo eu junto ao mar não deixa de ser estranha a minha clara preferência pelo interior, pelos terrenos acidentados, pelas serras e vales, as paisagens em altitude e amplas vistas, os rios e praias fluviais, o verde das árvores e aldeias mais tradicionais.  As barragens são geralmente bons indicadores das zonas que mais aprecio porque estão normalmente associadas a todas essas características reunidas. Muito embora grande parte das paisagens deste percurso não me seja totalmente estranha, fazer de carro está longe de ser a melhor forma de as conhecer. Assim, preparei uma viagem pelas paisagens das terras de basto e uma incursão (ainda que timida) por terras do barroso.

O percurso previsto tinha, como ponto de partida e chegada, a cidade de Fafe (dada a localização e os acessos pela A7). Contemplava aproximadamente 120km de extensão e  um desnível acumulado de 2300m. Incluía ainda a passagem pela Barragem do Ermal, Vieira do Minho, Barragem da Venda Nova, Celorico de Basto de regresso a Fafe.


Identificado o percurso passei à fase de indentificar os desafios que este me ia impor. No "papel" duas subidas dignas desse nome sobressaíam... A primeira logo após Vieira do Minho até Serradela (https://www.strava.com/activities/365762974/segments/8733110556) com 7,8km a 5,9% de inclinação média...





...e a subida que me levaria de Celorico de Basto ao Alto de Fojos (https://www.strava.com/activities/365762974/segments/8733110686) com 6,7km a 5,2%



em ambos os casos era preciso ultrapassar algumas curvas e rampas com inclinações bem desafiantes que a espaços atingiam os 14%, 15% até aos 18%.

Mas nem so no papel se fazem os desafios e portanto no terreno a realidade mostrou ser mais exigente ainda com uma inesperada e violenta subida após a barragem do Ermal de aproximadamente 1,2km com 13% de inclinação média.

Ânimo em alta, "track" carregado no Garmin e  as tralhas do costume preparadas e lá fui eu...

10 de Agosto

Depois da "alvorada" às 6h30 (quem corre por gosto...) às 8h15 e já no local de partida as primeiras pedaladas e o primeiro pensamento (24graus a esta hora? hummmm...)

Depois de "negociar"  as subidas inicias e as ruas em paralelo da cidade de Fafe apanhei-me finalmente em estrada e a rolar em bom ritmo em direcção a Vieira do Minho...

A estrada tem óptimo piso e sem grande trânsito embora as localidades que ia apanhando fossem um pouco incaracteristicas e sem traça definida. A manha estava explendida mas o cheiro no ar a incêndio lembrava as noticas do dia anterior (9 de Agosto o dia do ano com mais incêncios registados).

Um longa descida até que...no meio do nada...uma enorme fila de trânsito...

Depois de me atarefar a ultrapassar aqueles emigrantes todos (pelo menos uns  90% dos carros tinha matrícula estrangeira) com um ar entediado montados das suas "bombas" tuning lá percebi o caricato motivo da fila...uma casa! Sim uma casa estava a provocar toda aquela fila de trânsito...



Ultrapassado o obstáculo e uns quilómetros depois chego à Barragem do Ermal...eram aproximadamente 9h30 e estavámos já com cerca de 30 graus.





Depois de "sacar" umas fotos la prossegui a viagem até me lamentar ter escolhido uma Segunda-feira para o meu passeio...



Vieira do Minho - 10h00, 31 graus

Como previsto,  após Vieira do Minho,  lá inicei a subida para Serradela. E que subida...bastante exigente!!!
Muito embora o calor já fosse intenso a subida é quase sempre ladeada por intenso arvoredo que além da sombra nos proteje do vento. O piso é bom mas a subida é intensa, sempre com pendentes muito fortes que nunca nos deixa suficientemente confortáveis para disfrutar da paisagem como ele merece. O cheiro a incêndio mantem-se presente e já quase no topo percebo porquê...ainda a fumegar de um recente incêndio estavam  os Bombeiros de Braga a fazer o rescaldo do incendio.

Pouco depois estou no topo...


Assim que a vegetação se "abre" e a amplitude da paisagem aumenta percebo porque se sobe tanto...estou a uma cota de 900metros e ao fundo vê-se a cadeia montanhosa do Gêres e a Serra do Larouco..que vista!!!!



A descida tem bom piso e é muito rápida...


Mas não estou só...uma manada de cavalos selvagens abriga-se do intenso calor e a minha paragem para os fotografar acabou com a sua pacatês...





Um  potro mais assustadiço não gostou do som dos "cleats" a desencaixarem o que me obrigou a um arranque mais apressado do que era desejado e assim  lá prossegui serra abaixo...



Barragem da Venda Nova 11h15. 34 graus






A albufeira da barragem é lindissima e tem paisagens e recantos que sem dúvida valem a pena visitar com mais "vagar"...a espaços parece que estamos numa realidade completamente diferente, um outro país...






Era agora tempo de virar à direita em direcção a Celorico de Basto...Após a curva... novos dados...vento de frente, sem sombra e o calor apertava...

Sugestionado ou não aparece à direita uma pousada com óptimo aspecto...a  pousada de S. Cristovão (http://www.s-cristovao.com/) cuja piscina me deixou a pensar que devia ter marcado quarto e a viagem ficava  muito bem por ali.

Placa de 23km para Celorico e muito calor...

Fiz do vento contrário  meu aliado e desapertando a jersey segui mais fresco até Celorico para enfrentar a úlitma e complicada subida do dia...

Ao km 96 começou o desafio debaixo de uns escaldantes e desfocados 37,8 graus e 7% de inclinação...



A custo mas com a determinação em alta la cumpri a subida (bem dura por sinal) e já na descida passando pela famosa Lameirinha do nosso Rallye de Portugal paro finalmente numa fonte de água fresca...

agora é sempre a descer!

Terminada o escaldante treino/passeio com os seguintes numeros para memória futura:

https://www.strava.com/activities/365762974
Distancia: 121,7km
Tempo de movimento: 4:52:32
Media: 25km/h
Acumulado: 2290m
Velocidade max. 64,4km/h
Max. heartrate: 181 bpm
Med. Heartrate: 141 bpm
02:25:48 (49% of time)
Time climbing
17.1 km/h
Avg climbing speed

Até breve

Rui Miguel Abrantes
Porto Cycling Team