sábado, 12 de abril de 2014

O Inox!

Vive cá em casa um ser de pêlo farto, olhos verdes e bigodes gigantes que dorme vinte horas por dia e no tempo restante come e lambe-se como se disso dependesse a sua própria sobrevivência diária…o Inox!

Sabemos bem que o nome do nosso gato não é muito comum mas tivemos basicamente duas boas razões para o baptizar com o nome do material… é cinzento e não enferruja. Podemos hoje dizer que tivemos muito olho para a escolha do nome já que continua bastante actual… continua cinzento e sem enferrujar.

A vida do Inox segue par-a-par com a nossa há longos anos e faz parte integrante da casa, aliás, acho que a casa é mais dele do que nossa já que a ocupa 24h por dia e não parece ter qualquer intenção de alterar esse estado de coisas…aparentemente existe um acordo implícito cá em casa, nós entramos e saímos para trabalhar e ele fica a guardar a casa. Em troca nós damos a comida e mudamos a areia. Tão simples quanto isto!

 A sua actividade mais radical é ir para à varanda apanhar sol e miar aos pássaros e desde que as aves não se aproximem demasiado caso contrário torna-se radical demais e ele não está para grandes sarilhos. Não que ele não seja corajoso… nada disso! Mas sabe que os gatos não têm asas… É esperto o bicho…tao esperto que das 7 vidas que têm disponíveis tenho a certeza que ainda tem os 7 créditos!

Mas situações há em que o Inox não rejeita confrontos frontais e violentos… formigas é um bom exemplo e uma qualquer mosca que tenha a inconsciência de nos entrar pelas janelas abertas. Isso não lhe escapa e as moscas podem voar mas não têm a paciência infinita do nosso mortífero predador….”podes demorar uma tarde inteira mas acabarás por mudar de sitio!”… e se não se mexer durante muito tempo ele simplesmente mia a um humano para que dê uma mãozinha na sua caçada enxotando o insecto, obrigando-o a voar…

Mas não se julgue que nós humanos somos todos iguais aos olhos do Inox…não somos! Por exemplo, aparentemente para ele a Margarida é um cobertor ou um sofá já que está inevitavelmente em cima dela, e eu devo ser um abre-latas que funciona à base de sonoros  “miaus” e de insistentes roçadelas nas pernas até que aquele paté de salmão lhe apareça na taça.

Mediante as circunstâncias ainda nos informa do seu grau de satisfação ligando e desligando o que parece ser um motor de tractor interno que vem acoplado de série e que trabalha em função do grau de conforto que sente. É como que um ressonar acordado e só quando se está porreiro com a vida…bastante engenhoso!

Claro está que me esforço o possível por atazanar o seu descanso com tudo o que me vem parar à mão…sombras, lanternas, novelos e simulações complexas de movimentos suspeitos por baixo da manta do sofá…mas estes combates tem inevitavelmente sempre o mesmo fim…eu com arranhões!

No entanto o nosso corajoso felino tem uma fraqueza inesperada e que equivale mais ao menos ao que seria para nós um alerta de tsunami…sacos de plástico! O medo é tanto que, quando eu por um acaso levo um no bolso (garanto-vos que só acontece quando por acaso quero pregar-lhe um susto, mas é mero acaso), e lhe dou uma sacudidela rápida… aquele som faz o Inox disparar e derrapar pela casa fora com tal velocidade que os bigodes já dobraram a esquina mas a cauda ainda está a fazer a curva. Mas, ainda assim e pouco depois, aparece de novo com o mesmo ar confiante e tranquilo, demonstração de que não tem medo de nada ou pelo menos provando que tem fraca memória e não é nada orgulhoso.

Tudo isto nas 4 horitas diárias que ele tem disponíveis para o mundo, convenhamos portanto que tem uma vida bastante stressante e activa.

Mas as aventuras do Inox não terminam aqui e não fosse dar-se o caso de ter aqui ao lado um mini felino a olhar para mim fixamente, ainda estava capaz de escrever mais qualquer coisa…

Opções?

Ficar por aqui? Saco de plástico?

Até à próxima…

RMA e Inox




quinta-feira, 10 de abril de 2014

Casamentos

Aos meus olhos os casamentos são dos eventos mais intrigantes e curiosos em que podemos participar já que são um evento social encarado de uma forma completamente diferente por homens e mulheres.

Os preparativos…

Para nós homens é regra geral bastante simples, um fato, talvez uma gravata, uma boa engraxadela aos sapatos e tá feito! Nada mais simples e despreocupado.

Para elas é tudo diferente e bastante mais complicado, mais sofisticado, exigente e stressante.  O vestido, o penteado, as unhas, a cor da pele e os adereços a ser testados e que rondam sempre a casa dos milhares, entre sapatos, “echarpes”, pulseiras, braceletes, colares, carteiras, óculos de sol, enfim…não tem fim…

Para elas o dia começa inevitavelmente com a ida ao cabeleireiro…é obrigatória e aparentemente confiam cegamente nele porque muitas vezes saem de lá com invenções e armações incríveis na cabeça e mesmo assim com um ar de satisfação que nos leva a não duvidar que era mesmo aquilo que tinham em mente…

O vestido começa a ser visto muito tempo antes e, mesmo assim, resulta muitas vezes em coisas inenarráveis. Em algumas ocasiões vê-las a chegar à igreja é um espectáculo a roçar o surrealista…inventam tanto que são autênticos rebuçados embrulhados em papel celofane.

As carteiras? Bom… aqui dá-se um “twist” espantoso e intrigante. No dia-a-dia andam com carteiras grandes, mas nos casamentos nem pensar, são carteiras mínimas que só cabe lá o cartão multibanco e pouco mais. Mais curioso é que andam o dia todo com as carteiras gigantes mas a mini carteira dos casamentos fica, pouco depois, pousada na mesa…

Na cerimónia…

Nós homens sabemos mais ou menos quem lá estava e tá feito. Já as mulheres sabem tudo, absolutamente tudo. Têm uma capacidade incrível de absorver informação e são capazes de descrever em detalhe a toalete de 120 pessoas, assim nas calmas…

Se um homem encontrar outro convidado com a mesma fatiota, depois de uns “gins”, tiram fotos juntos para gozar com a situação. As mulheres ficam inconsoláveis e rapidamente se sentem obrigadas a improvisar qualquer coisinha para que deixe de ser tema de conversa...

Sinceramente acho que as mulheres querem tanto, mas tanto estar bem nos casamentos que inventam até limites inimagináveis, estragam o que está bem simples, conseguem “apirosar-se” tanto que nem parecem as mesmas, conseguem tornar o bonito em feio só porque naquele dia queriam estar extraordinárias.

Na verdade, e se a ideia era tornar o dia inesquecível, quase sempre o conseguem mas nem sempre pelas melhores razões…sair de casa vestida de suspiro com uma espécie de abacaxi na cabeça pode não ser bonito...mas é certamente inesquecível.

 Definitivamente, há coisas que vale a pena manter simples…

Até à próxima…

RMA

terça-feira, 1 de abril de 2014



Tiques estranhos! Manias quase inconfessáveis!

Todos temos os nossos tiques, esquisitices, manias e hábitos e alguns deles são tão estranhos ou estúpidos que são quase inconfessáveis. Os meus são conhecidos de boa parte dos meus amigos e alguns deles são mesmo contagiosos. No entanto, já deram horas de conversa, críticas acintosas e gozo sem fim. Desta vez, e a pretexto de uma nova crónica, faço por escrito…lavo assim a minha alma!!!!


Vejamos…

Não gosto de ficar com o prato à frente depois de terminar a refeição. Sim...sim é estúpido já sei! E não é coisa fácil em algumas ocasiões porque ainda há quem não tenha terminado, porque estou num casamento, num jantar formal ou a jantar em casa de alguém… Mas na verdade é das poucas coisas que terminamos e fica ali à nossa frente à espera que os outros terminem e na esperança que desapareça…para mim custa-me ter aquilo à frente…não faz qualquer sentido ficar ali a olhar para os destroços! Na verdade eu próprio não me tinha dado conta da minha “panca” mas o Nuno Pinto, com quem partilhei dezenas de almoços e jantaradas, apercebeu-se da minha inquietude depois de cada refeição e um dia simplesmente tirou-me o prato da frente quando terminei. Tive de imediato aquela sensação de alivio e espaço à frente…haaaa que bom! E assim, com um simples gesto, desmascarou-me e atribuiu-me para a vida inteira uma “esquisitice” que já se tornou bem conhecida de quem partilha a mesa comigo.

Mas alerto que esta é sem dúvida das manias mais contagiosas que tenho já que aparentemente a transmiti a um bom número de pessoas que assim perderam a legitimidade para gozar comigo, pelo menos por este motivo. Estou certo que muitos dos que me lêem vão lembrar-se dela quando acabarem o jantar…não experimentem…é espantosamente libertador!!!

Outra….

Quando vou a uma sapataria qualquer odeio experimentar os sapatos ou sapatilhas, mas gostava de lá sair com eles calçados. É verdade! Por mim saía da sapataria com os sapatos ou sapatilhas novos nos pés…mas também aqui está “convencionado” que não se deve fazer…só é compreensível nos putos que inevitavelmente saem da loja com ar de satisfação. Se aquilo é novo e nos agrada ao ponto de comprar porque raio temos de esperar para disfrutar disso? Pior…e quando se compram as calças que ficam lá para arranjar?? Gastamos nós tempo e dinheiro e saímos da loja sem nada na mão! Que desconsolo. Mas a verdade é que não vejo ninguém preocupado com isso, sai tudo da loja calmamente com a carteira e os sapatos no saco. Mas ninguém tem vontade de sair dali já com as alpercatas nos pés? Ai não? Então e chegam a casa e vão experimentar tudo outra vez porquê?  Ficaram na dúvida foi?

Só mais uma…e se as duas primeiras não conheço ninguém que as partilhe comigo esta já não é tão exclusiva e, para meu contentamento, há quem a tenha num grau bastante mais elevado do que eu….
…de repente lembro-me logo do Zé Mário como um óptimo exemplo de alguém em quem o “tique” atingiu proporções de irritar tudo e todos num raio de 5 metros.

Na verdade, trata-se de um tique que faz com que esteja constantemente a abanar nervosamente a perna num movimento curto e ritmado o que faz com que a mesa abane, a cadeira abane, o chão abane enfim…o mundo à volta abana. Este é dos “tiques” mais incomodativos para os humanos em redor que chegam mesmo a reagir violentamente com um …”pára com essa ##$&#$/”…

…no cinema o “tremor” pode dar mesmo para o casalinho da frente entornar o balde das pipocas e tenho certo que é essa a principal para o José Mário optar por sacar os filmes e ver em casa!

E chega… já me sinto mais leve qualquer “coisinha”

Vou deter por aqui o meu ímpeto de partilhar palermices ao desbarato e farei de conta que não padeço de mais nada…os que sabem que isto não é verdade…

…caladinhos são uma casa cheia!!!

Até um destes dias...
RA
  

domingo, 2 de março de 2014

No decorrer de mais uma visita a Trás-os-Montes para manter viva a tradição da Confraria do Bucho juntamos o útil ao agradável e lá fomos nós para mais um fim de semana de Geocaching agora em Chaves, Montalegre e Pitões das Junias.

Apesar do S. Pedro não se mostrar muito colaborante a experiência valeu bem a pena...Pitões das Junias é incrível!!!!!




Entrudo 2014


Mosteiro de Pitões das Junias


                                          Mosteiro de Pitões das Junias

Acesso ao Mosteiro






Geocaching



Acesso à Cascata


Cascata Pitões das Junias


Centro da Aldeia Pitões das Junias


Alguns links:

http://travancasdaraia.blogspot.pt/

http://www.icnf.pt/portal/turnatur/visit-ap/pnpg/pr-pit-junias

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Este fim-de-semana entrei pelo mundo do Geocaching e parece-me que esteve sempre ali à espera de ser descoberto. É de facto tudo o que eu gosto de fazer e concilia desporto, paisagem, natureza e alguns enigmas o que tornam a actividade muito apelativa. Além disso ainda junta GPS´s, orientação e interacção com outros geocachers. Lá convenci o meu amigo Pedro Lino que aquilo poderia valer a pena fazer e lá fomos num Sábado bem cedo. Começamos pela Serra da Freita que está aqui mesmo à mão de semear e escolhemos um percurso pedestre (PR16).

Passamos quase 6 horas de entusiasmo, a andar pela Serra de mochila às costas,  a fotografar, a levantar pedras e a olhar para os relógios Gps.

Foi um dia muito bem passado e agora terei ainda menos tempo ao fim-de-semana porque tenho mais uma actividade "outdoor" para fazer.

No total no dia de Sábado "logámos" 9 caches e já estou ansioso por voltar à procura.


















segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Homem ao volante!

É por demais conhecida a paixão dos homens por carros potentes, rápidos, nervosos e de ar agressivo. Para a grande maioria de nós, o melhor som do mundo é mesmo o de um V10, não há som como aquele, ouve-se a quilómetros de distância com uma nitidez e precisão que sabemos em que mudança vai,  que acabou de fazer uma passagem de caixa e que está nas 5500 rpm. Mas, em boa verdade, nem era preciso tanto… só o trabalhar ao “ralenti”  já nos põe a sorrir e a comentar com o gajo do lado. Haa que maravilha de motor!!!

Mas a paixão pelas máquinas estende-se a cada carrito e seu dono…

Normalmente o homem gosta de ter a sua máquina a brilhar por dentro e por fora e basta andar por aí aos fins-de-semana para os ver na fila dos “elefantes azuis” e a gastar os pontos da Galp nas lavagens automáticas. Mas para além das lavagens, aspirações e da tradicional sacudidela dos tapetes há também o clássico… “puxar” da vareta do óleo e passar o paninho para ver se a coisa ta ok. Se adicionarmos ao ritual o relato da bola aquilo é capaz de durar umas boas horas de pura felicidade.

Mas a verdade é que a maioria de nós não percebe “patavina” de carros, de motores, cambotas, pistões, combustões, filtros e velas…

…Ainda assim, sabemos o básico que normalmente dá para disfarçar a ignorância geral e não ficar muito mal na fotografia…assim, desde cedo aprendemos algumas coisitas para o desenrasque na estrada porque é simplesmente impensável e humilhante chamar o reboque e olhar para a cara do homem a dizer-nos...."é um pneu furado!!!" Ou…"ó amigo isto é falta de bateria!!!!"

Assim, temos sempre os cabos na mala, aqueles que compramos numa área de serviço qualquer, para dar “mama” à bateria e não fazer figura de parvo quando alguém chega até nós a perguntar se precisamos de ajuda. É simplesmente impensável passar pela humilhação de parar por causa de uma bateria e nós não termos cabos na mala. Para isso mais vale que a avaria seja uma coisa séria…(se assim for e souberem onde fica…tirem uma vela)

Fusíveis? Ao fim de algum tempo já sabemos as referências de cor e salteado…o que mais gasta é sem dúvida o A32 vermelho…esse desgraçado!

Mudar pneus?  Esse é o básico dos básicos e temos mesmo de saber… chamar um reboque, a assistência em viagem ou ficar mal em frente da mulher por não saber trocar um pneu é impensável e pode mesmo significar que nunca mais vamos dormir descansados com esse fantasma na cabeça durante anos. É o pior dos pesadelos.

Não obstante poucos de nós perceberem alguma coisa de mecânica, em caso de avaria na estrada todo o homem sai do carro, abre o “capot” e mete lá a cabeça debaixo. Ficamos com as mãos cheias de óleo, prova que tentamos fazer qualquer coisa, mas a verdade é que temos todos a secreta esperança que olhando para o motor com ar de mau ele se assuste e volte a andar sem problemas.

Depois deste procedimento…aí sim…podemos fazer a inevitável chamadinha para a assistência em viagem.

Até à próxima...
avaria!

RMA

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O meu comando!

No dia-a-dia lidamos com inúmeras situações que gostaríamos de evitar ou que era melhor simplesmente não terem existido, situações em que temos a sensação que podíamos ter reagido de outra forma ou devíamos ter dito aquilo e não aqueloutro. Basicamente situações em que gostávamos por exemplo de ter uma das funcionalidades que hoje existe em todos os computadores e que dá, de facto, imenso jeito. O nome disso?

Em português...Anular introdução. Em estrangeiro…Undo!

A alma que se lembrou de desenvolver uma funcionalidade destas, que nos permite reverter para a acção anterior, merecia uma estátua numa praça central mas com acesso vedado aos pombos.
A ideia é brilhante e não sei mesmo como ainda nenhum argumentista se lembrou de criar um super-herói dos tempos modernos munido simplesmente de um comando com a função “undo” para impedir que o mal tome o mundo.

Esse poder está hoje em inúmeros programas e, para a grande maioria de nós, é um dado adquirido cujo valor tendemos a menosprezar. Mas eu nem quero imaginar se, subitamente, deixasse de ser possível fazer “undo” e de poder reverter aquela asneirada. Que pesadelo!

Ver alguém a descobrir que existe essa função num qualquer processador de texto é testemunhar a felicidade estampada na cara de quem acaba de concluir que pode não fazer bem “à primeira”… e que bem sabe ter essa possibilidade.

Este particular poder sabe tão bem que é difícil de aceitar que alguém nos tenha imposto um limite e portanto que só seja possível reverter até x acções anteriores. Difícil de compreender… porque raio alguém é tão sádico ao ponto de dar esse poder e depois estabelecer um limite ao nosso pequeno prazer de anular, refazer, reconstruir, alterar, inovar?

Imagino o que seria ter a função disponível num comando para andar por aí a fazer e desfazer numa de justiceiro implacável…

Imaginem as eleições, o resultado do jogo, o dia de sol, a batidela no carro, o refugado mal conseguido e a discussão de ontem à noite. Haaa como era bom!!!

Mas o “undo” é apenas um bom exemplo de uma funcionalidade para o meu comando…. e um Delete? Um Shutdown? Terminar sessão? e a cerejinha…o Reset! Tudo coisinhas singelas e uteis que o meu computador tem e que o meu comando teria…

O que eu me divertia com um “comandinho” desses…

Até à próxima…

coisa!
RMA


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Uma crónica "Gourmet"

De repente estou rodeado de coisas gourmet, restaurantes gourmet, lojas gourmet, comida gourmet, bebida gourmet, objectos gourmet e toda uma panóplia infindável de coisas com o raio da designação "franciú". A verdade é que não foi por acaso que repeti a palavra "gourmet" tantas vezes,  é exactamente a sensação que tenho quando ando por aí, de repente passou tudo a ser gourmet como que, subitamente, tudo ficou melhor, mais francês e refinado, mais cuidado, mais saboroso e com uma qualidade superior que sem a maldita designação não existia. Aliás qualidade que não exista há 10 dias atrás...mas agora já existe, porque agora é... "gourmet"

Bem sei que o marketing é mesmo assim, faz o seu trabalho para que se venda e se procure ter, para que se queira desesperadamente mesmo correndo o risco de levar o conceito à exaustão e inevitavelmente à vulgaridade. A receita é conhecida, com a designação "light" passou-se o mesmo até se chegar ao ridículo...leite condensado "light"??? Mas quem é que compra leite condensado "light"?? Quem está em dieta e não a quer estragar?? Enfim...

Regressemos ao tema...

É fácil saber quando alguém foi a um restaurante Gourmet porque as pessoas fotografam os pratos antes de comer e metem na net para toda a gente ver...são quase sempre servidos em pratos originais e todos deviam vir com a opção "zoom" junto dos talheres. São normalmente vistosos, coloridos, recheados de propriedades especiais e raras que só os pratos gourmet conseguem juntar numa coisa tão pequena. Há ainda quem vá mais longe e detalhe o que vai comer para deixar o resto do mundo pasmado com tamanha obra de arte. Vejam bem...vou comer esta tira de carne de alce, com beterraba do Alasca, courgette grelhada da serra da Malcata, um risco de xarope de amora e por cima uma erva que só cresce nas vertentes noroeste de uma montanha na Tasmânia.  Há bom...se é isso tudo, é mesmo tão exclusivo que só pode ser bom...mas mesmo que seja mau desconfio que o entusiasmo é tanto que até nos obrigamos a gostar daquilo. Claro que no fim a conta também se justifica já que todos conseguimos entender que mandar um desgraçado à Tasmânia apanhar ervas deve ter os seus custos, pois claro!

E as lojas Gourmet?

Essas distinguem-se porque têm muitos produtos biológicos, atendimento personalizado, a apresentação dos produtos é mais cuidada e vendem produtos como se fossem uma coisa nova ... azeite biológico? pão de Izeda? paté de atum em azeite tradiconal? Queijo de Nisa? Compotas em bisnagas??? Tudo muito bem embrulhado em papel manteiga para parecer tradicional...basicamente para parecer qualquer coisa que não veio de um hipermercado e é muito exclusivo!

Às vezes pergunto-me como foi possível ter-se chegado ao ponto em que se celebra ter conseguido umas tronchudas da beira ou o atendimento simpático com que a loja recebeu o "freguês". Não devia isso simplesmente ser a regra? A normalidade devia ser "gourmet"!! Irrita-me ainda mais esta imagem estar associada a uma palavra francesa quando nós os portugueses podíamos dar lições de bem receber e simpatia aos "avecs" e não o contrário. 

A verdade é que a estratégia parece funcionar e a prova é que o numero de "estaminés gourmet" cresce a bom ritmo...a um ritmo tão elevado que agora há hipermercados com área gourmet e tudo. Julgo mesmo que não tardará muito esta área será alcatifada, com a Smooth Fm como música de fundo e porteiro, vestido com um blazer de punhos e insignias douradas, à porta a avaliar se aquele individuo tem ou não cara de quem paga 10€ por uma sardinha enlatada com azeite da herdade do monte da ervilha.

Julgo que, mais cedo do que tarde, a moda do "gourmet" acabará  por passar e virá uma nova designação estrangeira cheia de pinta que nos fará querer muito alguma coisa...mas o que era mesmo simpático é que fosse rápido porque a história do "gourmet" já enjoa!

Até à próxima...

Se houver...

RMA

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

As cores cá em casa!

A crónica desta vez tem como tema uma velha “discussão” que no dia-a-dia tenho cá em casa e que uma vez mais suspeito que seja comum a muitos dos que me lêem. As cores!

Em princípio as cores não deviam suscitar qualquer tipo de dúvida ou discussão mas, de facto, cá em casa estamos muito longe de estar de acordo.

Aparentemente os olhos da Margarida são muito mais refinados que os meus, conseguem distinguir bastantes mais cores e ela usa detalhes incríveis para “afinar” a cor que quer identificar. Chega a um detalhe tal que lhe atribui textura, cheiros e até sabor o que me faz sentir verdadeiramente confuso. 

Quando se junta com uma amiga e falam sobre cores fico sempre pasmado, já que a conversa flui normalmente sem que haja uma réstia de dúvida ou incerteza relativamente a que cores se referem. Sabem ambas instintivamente que termo usar para a identificar e com um detalhe tal que faz da cor muito mais do que um simples verde ou amarelo. 

Eu até entendo a junção de duas cores como um azul esverdeado ou um amarelo alaranjado mas trata-se tão só de juntar duas cores que existem e não pegar em algo que simplesmente não é cor e adicionar à palete assim sem avisar ninguém.

Mas há situações ainda mais estranhas para mim, casos em que não se dão sequer ao trabalho de a referir como cor e mesmo assim sabem do que se trata… aquelas cortinas champagne ou aquela t-shirt salmão? Para mim isto já ultrapassa largamente a palete de cores que vinha nos lápis de cor, mesmo nos "pack´s" mais completos de 12 ou 24. 

É claro que identifico que aquele verde é diferente do outro, é mais claro ou mais escuro…agora é mais água?? Mais lima? Verde seco? Verde musgo? Verde alface? Verde garrafa? Arreeee….

Usa ainda outras coisas para “refinar” a cor…

…para mim Salmão, Mostarda, Creme, Pastel ou Chocolate são bens comestíveis e não cores, mas para ela são muito mais do que isso, são também cor e o salmão não é simplesmente uma espécie de cor-de- laranja, ou mesmo alaranjada…para ela é demasiado óbvio que a cor é salmão. Ora para mim e num abrir e fechar de olhos, numa qualquer loja de roupa, o que sempre foi um peixe ganhou de repente toda uma nova dimensão… passou a ser uma cor!!!

E o azul? Para mim existe o azul que pode ser mais claro ou mais escuro mas para ela existe uma infinidade de azuis para além da minha básica distinção. Portanto se me referir simplesmente a uma t-shirt azul corro sérios riscos de levar como resposta qual azul?? … azul marinho, azul petróleo, azul bebe? Já agora pergunto-me se haverá alguma diferença entre azul bebe e azul cueca…

Há ainda situações estranhíssimas… 

então o Camel não era tabaco? Agora de repente passou a ser uma cor? Usam animais para definir cores…cinza rato? Mas não há ratos de outra cor? E só o branco é que tem a cor “branco sujo”? Acham isto justo?

A verdade é que actualmente já sei toda uma nova palete de cores que em algumas situações me esforço por partilhar com ela no tom de voz mais colocado e confiante que sou capaz de fazer. Na verdade esperava que a reacção quando me ouve fosse de alegria por eu já saber mais umas quantas cores mas não, para ela é tão normal e já faz parte do seu vocabulário há tanto tempo, que nem se dá conta que estou a calcorrear a medo um território completamente novo. O território é novo e inovador já que enquanto me dediquei a escrever esta “crónica” descobri um sem número de cores que não conhecia e que não sou, e desconfio que nunca serei, capaz de identificar. Fúchsia? Indigo?

Só espero que os dias cinzentos acabem rápido…sim cinzentos…não são cinza ardósia nem cinza fosco! São simplesmente cinzentos esta bem?

Até á próxima “crónica”… 
se existir!

RMA

domingo, 12 de janeiro de 2014



Será que estou sozinho?


Aparentemente o planeta terra parece ter algo pessoal contra mim mas pressinto que poderei não estar sozinho. Eu explico…


O planeta tem uma vida bastante monótona, aliás, pouco mais faz do que rodar sobre si próprio e à volta do Sol e há milhões de anos que é assim. Sucedem-se as semanas, dias, horas, minutos e segundos e ele sempre na mesma…a rodar e a girar. Convenhamos que não tem uma vida muito excitante nem é muito imaginativo mas a verdade é que ainda tem oportunidade para me arreliar o tempo e escolhe cuidadosamente cada momento. 

Vejamos…

Na verdade custa-me muito a acreditar que rode sempre à mesma velocidade e com o mesmo ritmo mas tenho dados concretos para suportar os meus receios. 

Juro a pés juntos que nas últimas férias de Verão ele acelerou o ritmo, aquilo foi um só andar, cheio de pressa para chegar precisamente àquele dia, parece que o estupor adivinha e a partir daí volta a reduzir o ritmo. Ainda me querem fazer crer que os dias no Verão são mais longos, dizem-me que tem mais horas de sol…só podem estar a brincar!!!

Depois, a perseguição estendeu-se às recentes férias de Inverno…afinal não era apenas no calor que ele se apressava a rodar mais rápido. Mais uma vez e assim que entrei em férias era vê-lo a toda a “brida” a rodar tão rápido que não sei como não enjoa, e fá-lo como se tivesse um qualquer compromisso urgente ao qual estava obrigado a atender ou então simplesmente rebenta.

Mas não termina aqui, é aos fins-de-semana, feriados e basicamente sempre que estou a fazer alguma coisa que gosto o desgraçado acelera e aí vai ele de “prego a fundo “. Filho da mãe!

A perseguição começava decididamente a chatear-me e tinha um sentimento crescente de revolta contra o planeta até que descobri que posso não estar sozinho…aparentemente ele anda ocupado a chatear mais pessoas e já ouvi várias vezes frases que o indiciam… “já viste que horas são? O tempo passou a voar…” ou “que pena que passou tão rápido” e hoje mesmo ouvi um sonante …“arre que ainda à pouco era Sexta-Feira” 

Nestas ocasiões penso para mim…lá esta o infeliz a fazer das suas. 
Mas vendo bem as coisas ele anda afinal muito ocupado já que chateia tanta gente ao mesmo tempo. A uns porque roda devagar e a outros porque roda depressa. Pensando bem, ele tem uma trabalheira desgraçada…

Não estou sozinho pois não?

Até à próxima…
se houver!

RMA