O Inox!
Vive cá em casa um ser de pêlo farto,
olhos verdes e bigodes gigantes que dorme vinte horas por dia e no tempo
restante come e lambe-se como se disso dependesse a sua própria sobrevivência
diária…o Inox!
Sabemos bem que o nome do nosso
gato não é muito comum mas tivemos basicamente duas boas razões para o baptizar
com o nome do material… é cinzento e não enferruja. Podemos hoje dizer que
tivemos muito olho para a escolha do nome já que continua bastante actual…
continua cinzento e sem enferrujar.
A vida do Inox segue par-a-par
com a nossa há longos anos e faz parte integrante da casa, aliás, acho que a
casa é mais dele do que nossa já que a ocupa 24h por dia e não parece ter qualquer intenção de alterar esse estado de coisas…aparentemente
existe um acordo implícito cá em casa, nós entramos e saímos para trabalhar e
ele fica a guardar a casa. Em troca nós damos a comida e mudamos a areia. Tão
simples quanto isto!
A sua actividade mais radical é ir para à
varanda apanhar sol e miar aos pássaros e desde que as aves não se aproximem
demasiado caso contrário torna-se radical demais e ele não está para grandes sarilhos.
Não que ele não seja corajoso… nada disso! Mas sabe que os gatos não têm asas…
É esperto o bicho…tao esperto que das 7 vidas que têm disponíveis tenho a
certeza que ainda tem os 7 créditos!
Mas situações há em que o Inox
não rejeita confrontos frontais e violentos… formigas é um bom exemplo e uma
qualquer mosca que tenha a inconsciência de nos entrar pelas janelas abertas. Isso
não lhe escapa e as moscas podem voar mas não têm a paciência infinita do nosso
mortífero predador….”podes demorar uma tarde inteira mas acabarás por mudar de
sitio!”… e se não se mexer durante muito tempo ele simplesmente mia a um humano
para que dê uma mãozinha na sua caçada enxotando o insecto, obrigando-o a voar…
Mas não se julgue que nós humanos
somos todos iguais aos olhos do Inox…não somos! Por exemplo, aparentemente para
ele a Margarida é um cobertor ou um sofá já que está inevitavelmente em cima dela,
e eu devo ser um abre-latas que funciona à base de sonoros “miaus” e de insistentes roçadelas nas pernas
até que aquele paté de salmão lhe apareça na taça.
Mediante as circunstâncias ainda
nos informa do seu grau de satisfação ligando e desligando o que parece ser um
motor de tractor interno que vem acoplado de série e que trabalha em função do
grau de conforto que sente. É como que um ressonar acordado e só quando se está
porreiro com a vida…bastante engenhoso!
Claro está que me esforço o
possível por atazanar o seu descanso com tudo o que me vem parar à mão…sombras,
lanternas, novelos e simulações complexas de movimentos suspeitos por baixo da
manta do sofá…mas estes combates tem inevitavelmente sempre o mesmo fim…eu com
arranhões!
No entanto o nosso corajoso
felino tem uma fraqueza inesperada e que equivale mais ao menos ao que seria
para nós um alerta de tsunami…sacos de plástico! O medo é tanto que, quando eu
por um acaso levo um no bolso (garanto-vos que só acontece quando por acaso
quero pregar-lhe um susto, mas é mero acaso), e lhe dou uma sacudidela rápida…
aquele som faz o Inox disparar e derrapar pela casa fora com tal velocidade que
os bigodes já dobraram a esquina mas a cauda ainda está a fazer a curva. Mas,
ainda assim e pouco depois, aparece de novo com o mesmo ar confiante e
tranquilo, demonstração de que não tem medo de nada ou pelo menos provando que
tem fraca memória e não é nada orgulhoso.
Tudo isto nas 4 horitas diárias
que ele tem disponíveis para o mundo, convenhamos portanto que tem uma vida
bastante stressante e activa.
Mas as aventuras do Inox não
terminam aqui e não fosse dar-se o caso de ter aqui ao lado um mini felino a
olhar para mim fixamente, ainda estava capaz de escrever mais qualquer coisa…
Opções?
Ficar por aqui? Saco de plástico?
Até à próxima…
RMA e Inox