sábado, 12 de abril de 2014

O Inox!

Vive cá em casa um ser de pêlo farto, olhos verdes e bigodes gigantes que dorme vinte horas por dia e no tempo restante come e lambe-se como se disso dependesse a sua própria sobrevivência diária…o Inox!

Sabemos bem que o nome do nosso gato não é muito comum mas tivemos basicamente duas boas razões para o baptizar com o nome do material… é cinzento e não enferruja. Podemos hoje dizer que tivemos muito olho para a escolha do nome já que continua bastante actual… continua cinzento e sem enferrujar.

A vida do Inox segue par-a-par com a nossa há longos anos e faz parte integrante da casa, aliás, acho que a casa é mais dele do que nossa já que a ocupa 24h por dia e não parece ter qualquer intenção de alterar esse estado de coisas…aparentemente existe um acordo implícito cá em casa, nós entramos e saímos para trabalhar e ele fica a guardar a casa. Em troca nós damos a comida e mudamos a areia. Tão simples quanto isto!

 A sua actividade mais radical é ir para à varanda apanhar sol e miar aos pássaros e desde que as aves não se aproximem demasiado caso contrário torna-se radical demais e ele não está para grandes sarilhos. Não que ele não seja corajoso… nada disso! Mas sabe que os gatos não têm asas… É esperto o bicho…tao esperto que das 7 vidas que têm disponíveis tenho a certeza que ainda tem os 7 créditos!

Mas situações há em que o Inox não rejeita confrontos frontais e violentos… formigas é um bom exemplo e uma qualquer mosca que tenha a inconsciência de nos entrar pelas janelas abertas. Isso não lhe escapa e as moscas podem voar mas não têm a paciência infinita do nosso mortífero predador….”podes demorar uma tarde inteira mas acabarás por mudar de sitio!”… e se não se mexer durante muito tempo ele simplesmente mia a um humano para que dê uma mãozinha na sua caçada enxotando o insecto, obrigando-o a voar…

Mas não se julgue que nós humanos somos todos iguais aos olhos do Inox…não somos! Por exemplo, aparentemente para ele a Margarida é um cobertor ou um sofá já que está inevitavelmente em cima dela, e eu devo ser um abre-latas que funciona à base de sonoros  “miaus” e de insistentes roçadelas nas pernas até que aquele paté de salmão lhe apareça na taça.

Mediante as circunstâncias ainda nos informa do seu grau de satisfação ligando e desligando o que parece ser um motor de tractor interno que vem acoplado de série e que trabalha em função do grau de conforto que sente. É como que um ressonar acordado e só quando se está porreiro com a vida…bastante engenhoso!

Claro está que me esforço o possível por atazanar o seu descanso com tudo o que me vem parar à mão…sombras, lanternas, novelos e simulações complexas de movimentos suspeitos por baixo da manta do sofá…mas estes combates tem inevitavelmente sempre o mesmo fim…eu com arranhões!

No entanto o nosso corajoso felino tem uma fraqueza inesperada e que equivale mais ao menos ao que seria para nós um alerta de tsunami…sacos de plástico! O medo é tanto que, quando eu por um acaso levo um no bolso (garanto-vos que só acontece quando por acaso quero pregar-lhe um susto, mas é mero acaso), e lhe dou uma sacudidela rápida… aquele som faz o Inox disparar e derrapar pela casa fora com tal velocidade que os bigodes já dobraram a esquina mas a cauda ainda está a fazer a curva. Mas, ainda assim e pouco depois, aparece de novo com o mesmo ar confiante e tranquilo, demonstração de que não tem medo de nada ou pelo menos provando que tem fraca memória e não é nada orgulhoso.

Tudo isto nas 4 horitas diárias que ele tem disponíveis para o mundo, convenhamos portanto que tem uma vida bastante stressante e activa.

Mas as aventuras do Inox não terminam aqui e não fosse dar-se o caso de ter aqui ao lado um mini felino a olhar para mim fixamente, ainda estava capaz de escrever mais qualquer coisa…

Opções?

Ficar por aqui? Saco de plástico?

Até à próxima…

RMA e Inox




quinta-feira, 10 de abril de 2014

Casamentos

Aos meus olhos os casamentos são dos eventos mais intrigantes e curiosos em que podemos participar já que são um evento social encarado de uma forma completamente diferente por homens e mulheres.

Os preparativos…

Para nós homens é regra geral bastante simples, um fato, talvez uma gravata, uma boa engraxadela aos sapatos e tá feito! Nada mais simples e despreocupado.

Para elas é tudo diferente e bastante mais complicado, mais sofisticado, exigente e stressante.  O vestido, o penteado, as unhas, a cor da pele e os adereços a ser testados e que rondam sempre a casa dos milhares, entre sapatos, “echarpes”, pulseiras, braceletes, colares, carteiras, óculos de sol, enfim…não tem fim…

Para elas o dia começa inevitavelmente com a ida ao cabeleireiro…é obrigatória e aparentemente confiam cegamente nele porque muitas vezes saem de lá com invenções e armações incríveis na cabeça e mesmo assim com um ar de satisfação que nos leva a não duvidar que era mesmo aquilo que tinham em mente…

O vestido começa a ser visto muito tempo antes e, mesmo assim, resulta muitas vezes em coisas inenarráveis. Em algumas ocasiões vê-las a chegar à igreja é um espectáculo a roçar o surrealista…inventam tanto que são autênticos rebuçados embrulhados em papel celofane.

As carteiras? Bom… aqui dá-se um “twist” espantoso e intrigante. No dia-a-dia andam com carteiras grandes, mas nos casamentos nem pensar, são carteiras mínimas que só cabe lá o cartão multibanco e pouco mais. Mais curioso é que andam o dia todo com as carteiras gigantes mas a mini carteira dos casamentos fica, pouco depois, pousada na mesa…

Na cerimónia…

Nós homens sabemos mais ou menos quem lá estava e tá feito. Já as mulheres sabem tudo, absolutamente tudo. Têm uma capacidade incrível de absorver informação e são capazes de descrever em detalhe a toalete de 120 pessoas, assim nas calmas…

Se um homem encontrar outro convidado com a mesma fatiota, depois de uns “gins”, tiram fotos juntos para gozar com a situação. As mulheres ficam inconsoláveis e rapidamente se sentem obrigadas a improvisar qualquer coisinha para que deixe de ser tema de conversa...

Sinceramente acho que as mulheres querem tanto, mas tanto estar bem nos casamentos que inventam até limites inimagináveis, estragam o que está bem simples, conseguem “apirosar-se” tanto que nem parecem as mesmas, conseguem tornar o bonito em feio só porque naquele dia queriam estar extraordinárias.

Na verdade, e se a ideia era tornar o dia inesquecível, quase sempre o conseguem mas nem sempre pelas melhores razões…sair de casa vestida de suspiro com uma espécie de abacaxi na cabeça pode não ser bonito...mas é certamente inesquecível.

 Definitivamente, há coisas que vale a pena manter simples…

Até à próxima…

RMA

terça-feira, 1 de abril de 2014



Tiques estranhos! Manias quase inconfessáveis!

Todos temos os nossos tiques, esquisitices, manias e hábitos e alguns deles são tão estranhos ou estúpidos que são quase inconfessáveis. Os meus são conhecidos de boa parte dos meus amigos e alguns deles são mesmo contagiosos. No entanto, já deram horas de conversa, críticas acintosas e gozo sem fim. Desta vez, e a pretexto de uma nova crónica, faço por escrito…lavo assim a minha alma!!!!


Vejamos…

Não gosto de ficar com o prato à frente depois de terminar a refeição. Sim...sim é estúpido já sei! E não é coisa fácil em algumas ocasiões porque ainda há quem não tenha terminado, porque estou num casamento, num jantar formal ou a jantar em casa de alguém… Mas na verdade é das poucas coisas que terminamos e fica ali à nossa frente à espera que os outros terminem e na esperança que desapareça…para mim custa-me ter aquilo à frente…não faz qualquer sentido ficar ali a olhar para os destroços! Na verdade eu próprio não me tinha dado conta da minha “panca” mas o Nuno Pinto, com quem partilhei dezenas de almoços e jantaradas, apercebeu-se da minha inquietude depois de cada refeição e um dia simplesmente tirou-me o prato da frente quando terminei. Tive de imediato aquela sensação de alivio e espaço à frente…haaaa que bom! E assim, com um simples gesto, desmascarou-me e atribuiu-me para a vida inteira uma “esquisitice” que já se tornou bem conhecida de quem partilha a mesa comigo.

Mas alerto que esta é sem dúvida das manias mais contagiosas que tenho já que aparentemente a transmiti a um bom número de pessoas que assim perderam a legitimidade para gozar comigo, pelo menos por este motivo. Estou certo que muitos dos que me lêem vão lembrar-se dela quando acabarem o jantar…não experimentem…é espantosamente libertador!!!

Outra….

Quando vou a uma sapataria qualquer odeio experimentar os sapatos ou sapatilhas, mas gostava de lá sair com eles calçados. É verdade! Por mim saía da sapataria com os sapatos ou sapatilhas novos nos pés…mas também aqui está “convencionado” que não se deve fazer…só é compreensível nos putos que inevitavelmente saem da loja com ar de satisfação. Se aquilo é novo e nos agrada ao ponto de comprar porque raio temos de esperar para disfrutar disso? Pior…e quando se compram as calças que ficam lá para arranjar?? Gastamos nós tempo e dinheiro e saímos da loja sem nada na mão! Que desconsolo. Mas a verdade é que não vejo ninguém preocupado com isso, sai tudo da loja calmamente com a carteira e os sapatos no saco. Mas ninguém tem vontade de sair dali já com as alpercatas nos pés? Ai não? Então e chegam a casa e vão experimentar tudo outra vez porquê?  Ficaram na dúvida foi?

Só mais uma…e se as duas primeiras não conheço ninguém que as partilhe comigo esta já não é tão exclusiva e, para meu contentamento, há quem a tenha num grau bastante mais elevado do que eu….
…de repente lembro-me logo do Zé Mário como um óptimo exemplo de alguém em quem o “tique” atingiu proporções de irritar tudo e todos num raio de 5 metros.

Na verdade, trata-se de um tique que faz com que esteja constantemente a abanar nervosamente a perna num movimento curto e ritmado o que faz com que a mesa abane, a cadeira abane, o chão abane enfim…o mundo à volta abana. Este é dos “tiques” mais incomodativos para os humanos em redor que chegam mesmo a reagir violentamente com um …”pára com essa ##$&#$/”…

…no cinema o “tremor” pode dar mesmo para o casalinho da frente entornar o balde das pipocas e tenho certo que é essa a principal para o José Mário optar por sacar os filmes e ver em casa!

E chega… já me sinto mais leve qualquer “coisinha”

Vou deter por aqui o meu ímpeto de partilhar palermices ao desbarato e farei de conta que não padeço de mais nada…os que sabem que isto não é verdade…

…caladinhos são uma casa cheia!!!

Até um destes dias...
RA